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Cirurgia de Latarjet

Cirurgia de Latarjet

O que é a cirurgia de Latarjet?

O procedimento de Latarjet foi descrito por este cirurgião e anatomista francês em 1954 para tratamento da instabilidade (luxação recidivante) do ombro. Consiste na transferência do processo coracoide da escápula para a glenoide, através de uma incisão única na frente do ombro.

Quando é indicado o procedimento de latarjet?

Em geral, o procedimento de Latarjet é indicado quando há desgaste ósseo da borda da glenoide. Pacientes que sofreram múltiplos episódios de luxação do ombro podem desenvolver desgaste progressivo da glenoide, devido ao atrito repetido entre esta e a cabeça umeral luxada. Classicamente, quando a erosão da glenoide compromete mais que 25% de sua circunferência, o procedimento de Latarjet passa a ser a melhor opção no tratamento cirúrgico destes casos. Nestas circunstâncias, a realização de artroscopia para reparar apenas a lesão do lábio glenoidal é insuficiente para garantir a estabilidade do ombro, levando à recorrência das luxações mesmo após a artroscopia. Atualmente, valores até menores de erosão óssea da glenoide já têm sido motivo para indicação do procedimento de Latarjet, especialmente se o paciente também apresentar outros fatores de risco para falha do procedimento artroscópico, como hiperfrouxidão ligamentar, participação em esportes de contato, entre outros.

Como é feita a cirurgia de latarjet?

A cirurgia é feita com o paciente anestesiado e deitado em posição reclinada (cadeira de praia). Em geral, dois tipos de anestesia são usados nesta cirurgia: anestesia geral e bloqueio do plexo braquial. Leia mais sobre os procedimentos anestésicos em cirurgias do ombro neste link
Após a anestesia e o posicionamento do paciente, realiza-se cuidadosa limpeza de toda a região para evitar a ocorrência de infecção. Só então, são colocados os campos estéreis para isolar a área da cirurgia, também como medida preventiva contra infecção.
Então, é feita uma incisão de cerca de 8 a 10 cm na região anterior do ombro, entre os músculos deltóide e peitoral maior. Bem na parte superior da ferida, localiza-se o processo coracoide da escápula, que é destacado em sua base com auxílio de serra ou formão. Junto com o processo coracoide estão os tendões que nele se inserem (bíceps e coracobraquial). Importantes ligamentos na base do coracoide devem ser preservados. Em seguida, faz-se uma incisão longitudinal no músculo subescapular, tomando-se cuidado para não comprometer sua inserção. Junto do subescapular, logo abaixo dele, é identificada e aberta a cápsula articular, levando à exposição da articulação. Depois do preparo da borda óssea da glenoide, o processo coracoide é, então, levado até a glenoide, ocupando o local da erosão óssea, e é fixado com dois parafusos. Em seguida a cápsula articular pode ou não ser suturada ao enxerto ou à própria glenoide, com auxílio de âncoras. Então, termina-se a cirurgia com lavagem e fechamento da ferida operatória.

Como é a recuperação após a cirurgia de Latarjet?

Após a cirurgia, o paciente é orientado a usar tipoia americana durante cerca de 4 semanas. No dia seguinte à cirurgia, o paciente já é estimulado a realizar exercícios de movimentação para mão, cotovelo e punho. Após uma a duas semanas, são introduzidos exercícios de movimentação do ombro operado. Os pontos são retirados 7 a 14 dias após o procedimento. Após a retirada da tipoia, o paciente é encaminhado à fisioterapia para recuperação da mobilidade, seguida de reforço muscular. Em geral, cerca de 3 meses após a cirurgia, o paciente costuma estar apto a iniciar exercícios supervisionados de musculação, em academia.

Qual é a vantagem da cirurgia de Latarjet?

A cirurgia de Latarjet tem um mecanismo tríplice para estabilização do ombro. Primeiro, a colocação do osso no local onde havia antes uma erosão óssea restaura a estrutura óssea normal, dando novamente suporte para a cabeça do úmero. Em segundo lugar, os tendões que se inserem no processo coracoide agora também servem de estabilizadores para o ombro, pois agem como uma barreira à saída da cabeça umeral para a frente. Em terceiro lugar, o fechamento da cápsula articular também confere maior estabilidade ao ombro, sendo, portanto, recomendado, embora não tenha sido descrito inicialmente pelo próprio Latarjet.
Desta forma, a cirurgia de Latarjet oferece excelentes resultados no que tange à baixa ocorrência de falha. São raros os casos de recorrência de luxação após uma cirurgia de Latarjet. Além disso, o retorno ao esporte, especialmente os de contato, costuma ser mais rápido após a cirurgia de Latarjet quando comparado com a artroscopia. Isto porque o procedimento de Latarjet envolve consolidação de um volumoso fragmento de osso (coracoide), fixado com 2 parafusos, de forma a garantir grande estabilidade da fixação. Esta montagem é certamente mais robusta que apenas a sutura do ligamento rompido, como se faz na artroscopia.

Se a cirurgia de latarjet tem menor risco de recidiva, por que não é feita em todos os pacientes?

Em primeiro lugar, mesmo que tenha bons resultados, devemos lembrar que a cirurgia de Latarjet não é uma cirurgia anatômica. Isto é, não busca restaurar a anatomia normal do ombro. Ao contrário, usa um artifício para reduzir a chance de luxação mediante a modificação da anatomia normal do ombro. Além disso, a taxa de complicações com a cirurgia de Latarjet é maior comparada com a da artroscopia. Entre as possíveis complicações estão infecção, lesões nervosas, soltura dos parafusos, falha na consolidação do enxerto e desenvolvimento de artrose do ombro precoce. Ainda que estas complicações felizmente não sejam comuns, na artroscopia são ainda mais raras.