Luxação acromioclavicular
Luxação acromioclavicular
Que casos precisam de tratamento cirúrgico?
Como já foi esclarecido no texto sobre luxação acromioclavicular, na seção Entenda sua Doença, a maior parte destas lesões são tratadas sem cirurgia. Entretanto, as luxações acromioclaviculares dos tipos 4 e 5 são tratadas preferencialmente com cirurgia, pois as lesões anatômicas nestes tipos de luxação podem acarretar problemas da cintura escapular no futuro, além da deformidade acentuada. As luxações do tipo 3 podem ser tratadas com ou sem cirurgia, dependendo do perfil do paciente. Se a lesão ocorreu no lado dominante em um paciente jovem e fisicamente ativo, a cirurgia deve ser considerada.
Como é feita a cirurgia?
A cirurgia para luxação acromioclavicular é feita com o paciente anestesiado e posicionado em “cadeira de praia”. Isto é, a cirurgia é feita com o paciente semissentado. Geralmente, dois tipos de anestesia são necessários: anestesia geral e anestesia regional.
Existem muitas técnicas cirúrgicas disponíveis para o tratamento destas lesões. Em todas, o que se precisa fazer é reduzir a clavícula, isto é, coloca-la no seu lugar original, junto do acrômio. Além disso, utilizar métodos de fixação que permitam que a clavícula fique no lugar. A fixação pode ser acromioclavicular (isto é, fixação da própria articulação) ou coracoclavicular (isto é, fixação da clavícula à apófise coracoide, logo abaixo, simulando o trajeto dos ligamentos coracoclaviculares). Habitualmente, são combinados métodos de fixação acromioclaviculares e coracoclvaviculares, a fim de aumentar a força de fixação e garantir que a articulação permaneça reduzida.
Atualmente (e já há alguns anos), realizo fixação coracoclavicular com âncoras, em que duas âncoras são aplicadas à coracoide e seus fios passados através de túneis ósseos na clavícula. Além disso, utilizo um fio metálico para fixação acromioclavicular temporária – este fio é removido seis semanas após o procedimento. É, ainda, fundamental realizar a sutura da fáscia deltotrapezoidal, o que também aumenta a estabilidade da articulação.
Existe urgência para realizar a cirurgia?
Sim. A luxação acromioclavicular deve ser operada precocemente, a fim de favorecer a cicatrização dos ligamentos coracoclaviculares. O quanto antes se fizer o procedimento, melhor. A utilização da técnica descrita pode ser feita, em geral, até 3 semanas após a ocorrência da lesão. Depois deste período, a cirurgia ainda é possível, mas outras técnicas devem ser utilizadas, com a utilização de enxerto, o que torna o procedimento de maior porte.
Como é a recuperção pós-operatória?
Após a cirurgia, o paciente usa uma tipoia para evitar movimentos bruscos e esforços. No primeiro dia após a cirurgia, são iniciados exercícios de movimentação do cotovelo, punho e mão. Rotação externa do ombro, pode ser iniciada uma semana após o procedimento. Elevação passiva do ombro, geralmente com o paciente deitado, é liberada três semanas após a cirurgia. Seis semanas após o procedimento, o fio metálico é retirado, a tipoia é retirada e o paciente é encaminhado à fisioterapia. Inicialmente, a fisioterapia tem por objetivo a recuperação da mobilidade indolor, com exercícios de alongamento e utilização de métodos analgésicos. Dez a doze semanas após o procedimento, são introduzidos exercícios de fortalecimento muscular, a fase final da reabilitação. De modo geral, 4 a 5 meses após a cirurgia, o paciente recebe alta e retoma suas atividades desportivas.
O tratamento cirúrgico da luxação acromioclavicular consiste em fixar a clavícula novamente ao processo coracoide, a fim de permitir a cicatrização dos ligamentos coracoclaviculares. Isto pode ser feito através de diferentes maneiras. Esta figura mostra a fixação com botão cortical.