Luxação Recidivante ou Instabilidade – Artroscopia
Luxação Recidivante ou Instabilidade – Artroscopia
Atualmente, a artroscopia é a principal forma de tratamento cirúrgico da luxação recidivante do ombro. Como se sabe, tem inúmeras vantagens sobre a cirurgia aberta (veja o texto sobre artroscopia).
Indicações Cirúrgicas – Quando e quem precisa operar?
Após um primeiro episódio traumático, a chance de novos episódios ocorrerem é tão maior quanto mais jovem e ativo for o paciente. Desta forma, de acordo com as características do paciente, suas aspirações e conforme a avaliação médica, o tratamento cirúrgico da lesão do lábio (labrum) glenoidal pode ser indicado mesmo após um único episódio de luxação. Especialmente, se o paciente continua com sinais clínicos de instabilidade durante o exame físico ou nas suas atividades do dia a dia.
Se após um único episódio de luxação traumática, a cirurgia pode ou não ser realizada, conforme visto acima, caso ocorra um segundo episódio, a cirurgia deve ser mais fortemente considerada, especialmente em jovens. Caso contrário, há grande chance de múltiplos episódios futuros ocorrerem, trazendo consigo o agravamento das lesões no ombro.
Como é feita a cirurgia?
A cirurgia é feita com o paciente anestesiado e deitado em posição reclinada (cadeira de praia). Em geral, dois tipos de anestesia são usados nesta cirurgia: anestesia geral e bloqueio do plexo braquial. Leia mais sobre os procedimentos anestésicos em cirurgias do ombro neste link. Após adequadamente preparado, realizam-se três pequenas incisões na pele, medindo menos de um centímetro cada. Uma na parte de trás do ombro e duas na parte da frente. O artroscópio (instrumento longo o suficiente para alcançar a articulação e transmitir as imagens para a câmera) é introduzido pelo portal posterior. Os portais anteriores (na frente do ombro) servem para introdução de instrumentos e das âncoras de sutura, embora também possam ser usados como de ponto de visualização. Uma vez identificada a ruptura do lábio glenoidal, este deve ser mobilizado, isto é, o lábio deve ser “solto” de suas aderências e/ou ponto inadequado de cicatrização. O osso da glenoide, de onde o lábio foi arrancado durante o traumatismo, deve ser cuidadosamente preparado para receber o lábio de volta e favorecer sua cicatrização. Depois disto, âncoras bioabsorvíveis são aplicadas na face articular da glenoide, bem próximas da sua margem. Para uma lesão de Bankart padrão, normalmente, 3 âncoras são suficientes. As âncoras vêm carregadas com fios de sutura ultrarresistentes, os quais são passados através do lábio glenoidal rompido e, em seguida, amarrados. O resultado é que o lábio é levado de encontro ao osso glenoidal novamente, onde deverá cicatrizar.
Como é o Pós-Operatório?
Após a cirurgia, o paciente permanece imobilizado em tipoia durante 4 a 6 semanas, dependendo de cada caso. Entretanto, já no primeiro dia após a cirurgia, é necessária a realização de exercícios para mão, punho e cotovelo. Estes exercícios são ensinados pelo próprio médico e executados pelo paciente em casa. Em geral, duas semanas após a cirurgia, o paciente é instruído a realizar exercícios também para o ombro, levantando o braço e realizando rotação externa suave, geralmente auxiliados por um bastão ou pelo outro membro superior (não operado). Após a retirada da tipoia, o paciente é encaminhado para a fisioterapia, onde deverá recuperar os movimentos do ombro e, em seguida, a força muscular. A duração da fisioterapia é muito variável em cada caso, mas, geralmente, 4 meses após a cirurgia, o paciente já está apto a interromper o tratamento fisioterápico. Este período pode ser mais longo caso a recuperação do paciente ocorra mais lentamente. Logo em seguida, recomenda-se manter atividades físicas específicas para reforço da musculatura do ombro, como musculação, Pilates ou outra da preferência do paciente. Esportes de contato somente são permitidos 9 meses após a artroscopia.
Todos os pacientes podem ser tratados por Artroscopia?
Nem todos os pacientes podem ser tratados por artroscopia. A artroscopia não é recomendada para os pacientes que tenham desgaste ósseo significativo da glenoide., bem como em alguns pacientes jovens, envolvidos em esportes de contato. Nestes pacientes, há grande risco de falha do tratamento, isto é, de o paciente voltar a sofrer luxação do ombro mesmo após a cirurgia. Portanto, a avaliação médica individualizada dever ser realizada para decidir se a artroscopia é um método seguro em cada um dos pacientes. Nos casos em que houver risco aumentado de falha, a melhor opção é a CIRURGIA DE LATARJET. Veja no link como é feita esta cirurgia.
Existem complicações da Cirurgia Artroscópica?
Sim, complicações podem ocorrer em qualquer cirurgia, mesmo as mais simples. Felizmente, porém, as complicações são infrequentes com este tipo de cirurgia. Uma pequena parcela dos pacientes pode desenvolver rigidez do ombro após a cirurgia. Esta complicação, além de rara, é eficazmente tratada por meio de fisioterapia, apenas aumentando o tempo de recuperação. Muitíssimo raramente, pode ser necessária a realização de artroscopia para “soltar” as aderências articulares e permitir o retorno dos movimentos. Outra possível complicação é a recidiva da luxação, isto é, o ombro voltar a deslocar mesmo após a cirurgia. Estima-se que 5 a 10% dos pacientes possam sofrer esta complicação, mas hoje sabemos que a seleção adequada dos pacientes reduz em muito esta taxa. Isto é, os pacientes nos quais identificamos fatores de risco para a falha da artroscopia devem ser submetidos à cirurgia de Latarjet.