Ruptura do tendão distal do bíceps
Ruptura do tendão distal do bíceps
O tratamento cirúrgico é recomendado para pacientes jovens, ativos, que necessitam do membro para realizar esforços em atividades de lazer, trabalho ou esporte. A deformidade estética também pode constituir indicação cirúrgica, especialmente nestes pacientes.
A cirurgia é realizada com paciente deitado, sob sedação e bloqueio do plexo braquial. Para maiores detalhes sobre este tipo de anestesia, consultar o texto a respeito. A cirurgia pode ser realizada através de diferentes técnicas. A mais utilizada atualmente é a reconstrução por uma única incisão, com colocação de um botão cortical para fixar o tendão do bíceps de volta ao osso. Neste procedimento, realiza-se uma incisão na parte mais proximal do antebraço, já perto do cotovelo. Identifica-se a ponta do tendão rompido e as áreas doentes do tendão são removidas, deixando a região mais saudável do tendão para a sutura. A sutura envolve todo o tendão, chegando a sua junção com o músculo, para garantir que o tendão fique bastante resistente novamente. Um túnel ósseo é feito na tuberosidade radial, onde o tendão se inseria originalmente. O tendão rompido é, então, inserido neste orifício ósseo, de modo a ficar dentro do osso. A fixação do tendão é feita por uma pequena plaquinha metálica, chamado de botão cortical ou biceps button.
Outra técnica bastante conhecida é a descrita por Morrey, que consiste em um procedimento com duas incisões. Primeiro, faz-se uma incisão na parte da frente do cotovelo, por onde se identifica a ponta do tendão rompido. A segunda incisão é realizada na parte externa do antebraço, próximo ao cotovelo, onde se identifica a tuberosidade bicipital, que é a região do rádio onde o tendão deveria estar inserido. O local é preparado e orifícios são feitos através do osso. O tendão rompido é, então, levado até este local, com seus fios de sutura, que são transportados através dos orifícios. A seguir, os fios são firmemente amarrados ao osso.
Cada técnica tem suas vantagens e suas desvantagens, mas ambas produzem bons resultados.
Como ocorre para as demais rupturas traumáticas de tendão, o tratamento cirúrgico deve ser realizado o mais brevemente possível. Após três a quatro semanas, a cirurgia torna-se mais difícil e a dissecção necessária é geralmente maior para liberar as aderências ao tendão. Além disso, o trajeto do tendão também costuma ser ocluído, dificultando a dissecção cirúrgica. Nos casos crônicos, em que o tendão perdeu elasticidade, pode ser necessária a utilização de enxerto de tendão, retirado do próprio paciente ou a partir de transplante de doador cadáver.
Após a cirurgia, utiliza-se imobilização rígida por 1 semana, com o cotovelo dobrado a 90 graus. Depois deste período, imobilização em tipoia costuma ser suficiente e são iniciados exercícios para movimentação do cotovelo. Três semanas após a cirurgia, retira-se a imobilização e inicia-se a fisioterapia para recuperação da mobilidade e, mais tarde (após 8 a 10 semanas) da força muscular. Em geral, exercícios de musculação são retomados 3 meses após a cirurgia.
Há diversas formas de fixar o tendão rompido de volta ao osso. A: parafuso de interferência; B: botão cortical; C: âncoras de sutura; D: orifícios transósseos.